CENTELHAS EUCARÍSTICAS
PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO
XXIX
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NÃO se poderia, ó Jesus, fazer um pouco de bem a tantas almas que andam no caminho da perdição? Algumas há, que me estão mesmo a caráter de salvá-las; mas é preciso que elas o não saibam; desejaria ao menos melhorá-las, mas sem lhes dizer sequer uma palavra, mesmo porque seria inútil. Será isto possível?
Veio uma idéia à minha mente, que eu vou confiar ao Tabernáculo de Jesus, para que Ele a abençoe e torne eficaz.
O meu projeto é este: visto que com certos pecadores é inútil fazer raciocínios e exortações para reduzi-los à virtude, pensei em substituí-los eu mesma em certo modo, e fazer a vez deles junto de Jesus, constituir-me seu representante, na esperança de que Jesus considere como feito por eles aquele pouco que eu fizer em vez deles. Farei, portanto, assim:
Tomando em mira um certo pecador,
1.° Cada vez que for confessar-me, entenderei arrepender-me também de todos os pecados desse pecador, pedirei perdão a Deus também por ele, e direi ao confessor que me imponha por ele alguma penitência.
2° Uma vez por mês farei uma comunhão, não só pela sua conversão, mas em sua vez, oferecendo-a a Jesus, como se fosse feita por ele.
3° Todos os dias, de manhã e à noite, recitarei um Padre Nosso, uma Ave Maria, e um ato de contrição, pedindo a Deus que considere aquelas breves orações como saídas da boca e do coração do meu pecador, e que as ouça, tomando, sobretudo, em conta o ato de contrição.
4° Uma vez por semana, ou mais vezes ainda conforme me for possível, ouvirei uma Missa sempre por essa intenção.
5° Exercitar-me-ei especialmente na prática daquela virtude, que mais lhe falta a ele.
6° Farei todos os dias uma pequena mortificação, interna ou externa, por intenção d'Ele, e suportarei por sua expiação todas as dores que me assaltarem mesmo de futuro.
Que dizes, ó Jesus, do meu projeto? Será mau?... Penso que não. Portanto vou desde hoje pô-lo em prática; e tu, que és tão bom, derramarás sobre ele as tuas bênçãos.
Ficamos, portanto, entendidos. Eu represento perante a tua misericórdia aquele pecador que tu sabes; e todo o bem que fizer com este fim, tu o considerarás como feito por ele... Portanto, aquele infeliz, por intermédio de mim, fará um pouco de oração de manhã e à noite, irá confessar-se, fará alguma comunhão, ouvirá missa, fará modificações e penitências, e se exercitará na virtude...
Não te agrada a substituição? Mas dize-me, ó caro Jesus, não foste tu o inventor de se substituir os pecadores? Sobre a cruz não sofreste e não morreste porventura em lugar dos pecadores de todo o mundo? E teu Pai não aceitou talvez a troca? Não perdoou talvez a todos?
Deixa-me imitar um pouquinho o teu exemplo, e imita também tu o exemplo de teu Pai celeste... Aceita a oferta, abençoa e perdoa.
Como serei feliz se com as minhas pobres forças pudesse concorrer para salvar uma alma! E salvá-la sem que ela dê conta disso, sem necessidade de defrontar com qualquer paixão sua, sem perigo de conduzi-la ao bom caminho só por comprazer comigo... E eu espero vê-la salva um dia, ó Jesus, porque se a tua misericórdia anda em procura dos pecadores, há de repeli-los quando eles movem algum passo para encontrar-te? E dando eu este passo ou antes, muitos passos, como sendo dados por ele, a ele caberá o mérito e a recompensa da conversão e do perdão.
Espero, ó Jesus, espero tanto! O pensamento de aplicar-me a esta obra santa foste tu que mo inspiras-te; e eu sei que, quando metes ombros a uma obra, a levas seguramente ao fim. Não é verdade, ó Jesus?
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