quinta-feira, 30 de abril de 2020

NOSSA SENHORA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Consagração a Jesus por Maria 3: Quem obedece a Mãe obedece o ...“Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento é Maria recebendo, na sua qualidade de dispenseira universal da graça, o pleno e absoluto domínio sobre a Eucaristia e sobre os tesouros que ela encerra. Este Sacramento é o mais poderoso meio de salvação, o fruto por excelência da redenção de Jesus Cristo. A Maria compete, por conseqüência, tornar Jesus conhecido e amado na Eucaristia. A Maria pertence espalhá-la pelo mundo inteiro, multiplicar as igrejas, implantá-las entre os infiéis e defender a Fé neste Sacramento contra os heréticos e os ímpios. Obra de Maria é também preparar as pessoas para a
Comunhão, movê-las a visitar com freqüência o Santíssimo Sacramento e a velar incessantemente diante d’Ele. Maria é a tesoureira de todas as graças que a Eucaristia encerra: de todas quantas a este Sacramento conduzem e de todas as que deste
Sacramento dimanam”. (Tesnière: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento)

terça-feira, 21 de abril de 2020

NOVENA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sentadas

Esta novena a Nossa Senhora do Rosário de Pompéia se reza a qualquer tempo, e é costume rezar-se no mundo inteiro, traduzida em línguas diversas, como preparação às duas festas anuais da Senhora de Pompéia – 08 de maio e 1º domingo de outubro. A primeira começa em 11 de abril para terminar em 07 de maio; a segunda tem início 27 dias antes do 1º domingo de outubro.




segunda-feira, 13 de abril de 2020

MILAGRE EUCARÍSTICO DE FERRARA, ITÁLIA - 28 de março


Este milagre Eucarístico aconteceu no dia de Páscoa (28 março 1171), na Basílica de Santa Maria, em Vado, Ferrara. O Padre Pietro da Verona, prior da Basílica, celebrava a Santa Missa da Ressurreição. No momento de distribuir o pão consagrado, quando partiu a Hóstia, viu jorrar desta uma grande quantidade de sangue que foi atingir a pequena abóbada acima do altar. A abóbada manchada de sangue foi encerrada, em seguida, num templo construído em 1595, e é ainda hoje, visível na monumental Basílica de S. Maria inVado.


     Uma antiga tradição datada do ano 454 d.C. fala de um lugar onde uma imagem bizantina da mais Santa Virgem era venerada. Com o passar do tempo, o intenso número de fervorosos fiéis provocou a construção de uma pequena igreja. Esta igreja construída no vau de um rio, por volta do ano 657, foi apropriadamente chamada de Santa Maria Del Vado. Foi nesta pequena igreja que há pouco mais de 500 anos aconteceu o grande milagre Eucarístico.

    
      A 28 de março de 1171, o prior dos Cónegos Regrantes Portuense, P. Pietro da Verona, estava a celebrar a Missa da Páscoa assistido por três irmãos (Bono, Leonardo e Aimone). No momento de fracionar a Hóstia Consagrada soltou-se desta uma grande quantidade de sangue, que foi tingir com grandes gotas a pequena abóbada em cima do altar. As histórias narram do “sagrado terror da celebração e da imensa maravilha do povo que se encontrava amontoado na pequena igreja”.
     
       Foram muitos os testemunhos que afirmaram ter visto a Hóstia assumir uma cor sanguínea e de ter distinguido nela a figura de um menino. Do acontecido, foram informados imediatamente o Bispo Amato de Ferrara e o Arcebispo Gerardo de Ravenna, os quais constataram com os seus próprios olhos o Sangue persistente do Milagre, isto é, “o Sangue vivíssimo, que avermelhava a abóbada acima do altar”. A igreja tornou-se imediatamente meta de peregrinação, e veio sendo sucessivamente reestruturada e ampliada por ordem do Duque Ercole I d’Este, a partir de 1495.
      
         Numerosas são as testemunhas que lembram o Milagre, entre estas, a mais importante é a Bula de Papa Eugénio IV (30 março 1442), na qual o Pontífice menciona o Prodígio referindo-se ao testemunhado pelos fiéis e a antigas fontes históricas.
     
        O manuscrito de Gerardo Cambrense é o documento mais antigo (1197) que menciona o Pródigo e está conservado na Biblioteca Lamberthiana de Canterbury. Este, foi recentemente retomado pelo historiador António Samaritani, numa obra intitulada “Gemma Eclesiastica”. Um outro documento, que remonta a 6 de março de 1404, é a Bula do Cardinal Migliorati, na qual se concedem as indulgências a “quem visite a igreja e renda homenagem ao Sangue Prodigioso”.
     Ainda hoje, o dia 28 de cada mês na Basílica, atualmente oficiada pelos Missionários do Preciosíssimo Sangue de S. Gaspar de Búfalo, se pratica a Adoração Eucarística em memória do milagre e, a cada ano, em preparação da festa do “Corpus Christi”, se celebram as solenes Quarenta Horas. No ano de 1971, foi celebrado o oitavo centenário do Milagre.



Abóboda com sinais do Sangue





Basílica de Ferrara, Itália

Obs.: As descrições dos Milagres Eucarísticos aqui apresentados foram retirados do site: http://www.therealpresence.org/index.html



http://osmilagreseucaristicos.blogspot.com/2009/08/milagre-eucaristico-de-ferrara.html?m=1

http://anciladominiservadosenhor.blogspot.com/2010/05/o-milagre-de-ferrara-milagre-de-ferrara.html?m=1

domingo, 12 de abril de 2020

A Ressurreição de Jesus Cristo e a Esperança do Cristão


Haec dies quam fecit Dominus: exultemus et laetemur in ea – “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 117, 24)

Sumário. Façamos um ato de fé viva na ressurreição de Jesus Cristo; cheguemo-nos a Ele em espírito para Lhe beijar as chagas glorificadas, e regozijemo-nos com Ele por ter saído do sepulcro vencedor da morte e do inferno. Lembrando-nos em seguida que a ressurreição de Jesus é o penhor e a norma da nossa, avivemos nossa esperança, e ganhemos ânimo para suportar com paciência as tribulações da vida presente. Lembremo-nos, porém, que para ressuscitarmos gloriosamente com Jesus Cristo devemos primeiro morrer com Ele a todos os afetos terrestres.

I. O grande mistério que em todo o tempo pascal, e especialmente no dia de hoje, deve ocupar as almas amantes de Deus, e enchê-las de dulcíssima esperança, é a felicidade de Jesus ressuscitado. Já meditamos que Jesus, no tempo de sua Paixão, perdeu inteiramente as quatro espécies de bens que o homem pode possuir na terra. Perdeu os vestidos até a extrema nudez; perdeu a reputação pelos desprezos mais abomináveis; perdeu a florescente saúde pelos maus tratos; perdeu finalmente a vida preciosíssima pela morte mais horrível que se pode imaginar. Agora porém, saindo vivo do fundo do sepulcro, recebe com lucro abundantíssimo tudo quanto perdeu.

O que era pobre, ei-Lo feito riquíssimo e Senhor de toda a terra. O que a si próprio se chamava verme e opróbrio dos homens, ei-Lo coroado de glória, assentado à direita do Pai. O que pouco antes era o Homem das dores e provado nos sofrimentos, ei-Lo dotado de nova força e de uma vida imortal e impassível. Finalmente o que tinha sido morto do modo mais horrível, ei-Lo ressuscitado pela sua própria virtude, dotado de sutileza, de agilidade, de clareza, feito as primícias de todos os que dormem com a esperança de ressuscitarem também um dia à imitação de Cristo: Christus resurrexit a mortuis, primitiae dormientium (1)

Detenhamos-nos aqui para tributar a nosso Chefe divino as devidas homenagens. Façamos um ato de fé viva na sua ressurreição, e cheguemo-nos a Ele para beijarmos em espírito os sinais de suas cinco chagas glorificadas. Alegremo-nos com Ele, por ter saído do sepulcro, vencedor da morte e do inferno, e digamos com todos os santos: “O Cordeiro que foi imolado por nós, é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e a bênção.” (2)

II. Regozijemo-nos com Jesus Cristo; mas regozijemo-nos também por nós mesmos, porquanto a sua ressurreição é o penhor e a norma da nossa, se ao menos, como diz São Paulo, morrermos primeiro interiormente ao afeto das coisas terrestres: Si commortui sumus, et convivemus (3) — “Se morrermos com Ele, com Ele também viveremos”. Ó doce esperança! “Virá a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus” (4); e então pelo poder divino retomaremos o mesmo corpo que agora temos, mas formoso e resplandecente como o sol. Nós também ressuscitaremos!

A esperança da futura ressurreição é o que consolava o santo Jó no tempo de sua provação. “Eu sei”, disse ele, e nós, digamos o mesmo no meio das cruzes e tribulações da vida presente: “eu sei que o meu Redentor vive, e que no derradeiro dia surgirei da terra; e serei novamente revestido de minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus… esta minha esperança está depositada no meu peito.” (5)

Meu amabilíssimo Jesus, graças Vos dou que pela vossa morte adquiristes para mim o direito à posse de tão grande bem, e hoje pela vossa ressurreição avivais a minha esperança. Sim, espero ressurgir no último dia, glorioso como Vós, não tanto por meu próprio interesse, como para estar para sempre unido convosco, e louvar-Vos e amar-Vos eternamente. É verdade que pelo passado Vos ofendi com os meus pecados; mas agora arrependo-me de todo o coração e pela vossa ressurreição peço-Vos que me livrais do perigo de recair na vossa desgraça: Per sanctam resurrectionem tuam, libera me, Domine — “Pela vossa santa ressurreição, livrai-me, Senhor”.

“E Vós, Eterno Pai, que no dia presente nos abristes a entrada da eternidade bem-aventurada, pelo triunfo que vosso Unigênito alcançou sobre a morte: aumentai com o Vosso auxílio os desejos que a vossa inspiração nos instila” (6). Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e de Maria Santíssima.

Referências:

(1) 1Cor 15, 20
(2) Ap 5, 12
(3) 2Tm 2, 11
(4) Jo 5, 28
(5) Jó 19, 25
(6) Or.festi curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 1-3)




quinta-feira, 9 de abril de 2020

O DIA DO AMOR


Sciens Iesus quia venit hora eius, ut transeat ex hoc mundo ad Patrem, cum dilexisset suos, qui erant in mundo, in funem dilexit eos – “Sabendo Jesus que era chegada a hora de passar deste mundo para o Pai, como tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1)

Sumário. Embora Jesus Cristo em todo o curso de sua vida mortal nos tivesse amado ardentemente e nos tivesse dado mil provas do seu amor infinito, todavia, quando chegou ao termo dos seus dias, quis dar-nos a prova mais patente pela instituição do Santíssimo Sacramento. Ai o Senhor se faz não só nosso constante companheiro, mas ainda nosso sustento e se nos dá todo inteiro. Com muita razão, portanto, Santa Maria Madalena de Pazzi chamava a quinta-feira santa o Dia do Amor

I. Um pai amoroso nunca patenteia melhor a sua ternura e o seu afeto para com o filhos do que no fim da sua vida, quando os ve em torno do seu leito, aflitos e com os olhos em pranto, e pensa que em breve deve abandoná-los. Tira do seu coração e põe sobre os seus lábios o resto de sua vida prestes a extinguir-se, abraça aqueles penhores queridos do seu amor, exorta-os a serem sempre bons, imprime-lhes no rosto os mais ternos beijos, e misturando as suas lágrimas com as dos filhos, beijos, e misturando as suas lágrimas com as dos filhos, lança-lhes a sua bênção. Depois manda trazer o que mais precioso possui e dando a cada um uma última lembrança: Tomai, diz, e lembrai-vos sempre do amor que vos tenho dedicado.

Foi exatamente assim que quis fazer conosco Jesus Cristo, verdadeiro Pai da nossa alma e Pai tão amante, que na terra não tem havido, nem jamais haverá outro igual. Embora em todo o curso da sua vida mortal nos tivesse amado com amor ardente, e nos tivesse dado mil provas do seu amor infinito, todavia, quando chegou ao termo dos seus dias, quis dar-nos a prova mais patente, pela instituição do Santíssimo Sacramento. E por isso, na mesma noite em que devia ser traído, reuniu os seus discípulos ao redor de si, instituiu a Santíssima Eucaristia, e disse-lhes para os consolar de sua próxima partida:

Filhos meus, vou morrer por vós, para vos mostrar o amor que vos tenho. Posto que, escondido debaixo das espécies sacramentais, deixo-vos o meu corpo, a minha alma, a minha divindade, a mim mesmo todo. Numa palavra, não quero nunca estar separado de vós, enquanto estiverdes na terra: Ecce ego vobiscum sum, usque ad consummationem saeculi (1) – “Eis que estou convosco, até a consumação dos séculos”.

– Meu irmão, que tal te parece esta extrema fineza de Jesus Cristo? Não tinha razão Santa Maria Madalena de Pazzi de chamar a quinta-feira santa o dia do amor?

II. Jesus Cristo não satisfez o seu amor, fazendo-se nosso constante companheiro; quis ainda fazer-se nosso sustento, afim de se unir intimamente à nossa alma, e santificá-la com a sua presença. E nesta manhã, qual amante apaixonado, que deseja ser correspondido, de dentro da Hóstia consagrada, onde nos observa sem ser visto, está espreitando todos os que se preparam para alimentar-se com a sua carne divina, observa em que pensam, o que amam, o que desejam e as ofertas que irão apresentar-lhe.

Irmão meu, prepara-te para recebê-lo com as devidas disposições. Aviva a tua fé na presença real de Jesus Cristo neste inefável mistério; dilata o teu coração pela confiança, lembrando-te que te pode fazer todo o bem, muito te amam e vem a ti exatamente para te enriquecer com as suas graças. Humilha-te profundamente diante da sua divina majestade, e lembrando-te que no passado, em vez de amares um Deus tão bom, o tens magoado, voltando-lhe as costas e desprezando a sua amizade, pede-lhe perdão e toma a resolução de que para o futuro antes quererás morrer do que tornar a ofendê-lo. – Mas prepara-te sobretudo para receber Jesus Cristo com amor, e convida-o pelo desejo.

Vinde, ó meu Jesus, vinde depressa e não tardeis. Ó meu paraíso, meu amor, meu tudo, quisera receber-Vos com aquele amor com que Vos receberam as almas mais santas e mais amantes, com que Vos recebeu Maria Santíssima. Uno a minha comunhão de hoje com as suas. – Santíssima Virgem e minha Mãe Maria, eis que vou receber o vosso Filho. Quisera ter o vosso coração e o amor com que recebeis a santa comunhão. Dai-me hoje o vosso Jesus, assim como o destes aos pastores e aos santos Magos. Desejo recebê-lo de vossas mãos puríssimas. Dizei-lhe que sou vosso servo devoto, porque assim me olhará com olhar mais amoroso e me apertará mais estreitamente contra o seu Coração, quando vir a mim.

Referências:

(1) Mt 28, 20

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 410-413)


terça-feira, 7 de abril de 2020

SEGUNDA FINEZA DE JESUS SACRAMENTADO


Segunda Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens.

Jesus Se deixou Sacramentado quando quis ausentar-Se dos homens.


Admirável e engenhoso descubro nesta Fineza o ardentíssimo amor de Jesus. Sabia Sua Majestade serem já breves os últimos períodos de Sua vida entre os homens, pois era necessário subir ao trono de Seu Eterno Pai, para desarmar a Divina Justiça quando ela empunhasse a espada contra os pecadores. Porém, Seu amor fazendo ao Seu coração uma violência, ao apartar-Se de Suas criaturas, encontrou um modo maravilhoso de partir sem Se ausentar. Instituiu este inefável Sacramento, no Qual, convertendo a substância do pão na de seu próprio Corpo vivo e animado, deixou realmente no mundo, debaixo de uns poucos acidentes, o mesmo que em uma nuvem voou ao Empíreo*.

Antes quis mostrar-nos serem tão grandes Suas delícias em viver entre nós, que por uma só ausência que fez ao céu, fez-Se presente milhões de vezes aqui na terra. É verdade que uma nuvem O escondeu de nossos olhos no Monte Oliveiras, mas Seu amor designou que Se deixaria exposto nos Altares à nossa vista. Partiu-Se o Divino amante, sem Se ausentar, e, para assegurar-nos de Sua companhia, deu-nos o precioso dom de Si mesmo, deixando-nos empenhado Seu Corpo e Sangue.

Não obstante quisera eu me dissessem que coisa fez no mundo que assim enlaçou e uniu às criaturas o Coração de Jesus! Porque eu não sei mais que o que me diz o Evangelista: que o mundo não O conheceu, e que os Seus não O receberam. Não achou Ele na terra, da qual não soube ausentar-Se, mais que injúrias atrocíssimas e horríveis ingratidões, ferido com açoites, desprezado com opróbrios, um estábulo para nascer, e para morrer uma Cruz. Apenas encontrou um Pedro, que, tendo-O negado três vezes, só uma O confessou. Teve apenas uma Madalena, que, tendo-O ofendido muito, O soube amar. 


Porém isso mesmo é o que rendeu o Coração de Jesus, para não poder apartar-Se do coração dos homens. Depois que Sansão deu a entender seu mais fino amor a Dalila, revelando-lhe o maior segredo em que constituía sua vida, diz o Sagrado Texto que ela logo fazia esforço para apartá-lo de si com aversão, porque era tanto o amor em que se abrasava Sansão para com Dalila, que nada o podia separar. Assim fez o mundo com Jesus. Ele o prende com fortes laços de amor, e o mundo o arroja de si com desumanos tratamentos. Mas então se abrasa mais estreitamente com ele o Divino Sansão, e, forjando daqueles acidentes uma cadeia, seu amor quedou-Se para sempre inseparável dos homens no Sacramento.

Aquele Anjo, que, só pelo espaço de uma noite, se estreitou em abraços com Jacó, procurava logo apartar-se dele. "Deixa-me ir-me embora, Jacó", lhe dizia, porque já nasce a aurora, e não convém a um Anjo deter-se mais de uma noite entre os braços de um homem. Mas, ó prodígio do amor divino! O que não é conveniente a um Anjo será conveniente a um Deus? Tanto há podido o amor de Jesus. Poucos instantes pareceram ao Rei dos Anjos os tantos anos que Ele vivera entre os braços e companhia dos homens; e se esses O arrojam de si e O despedem, se nem O conhecem nem O recebem, Ele, para não os deixar, sujeita-se a encerrar-se dentro de um Sacrário, em um rincão de uma Igreja. Mais ainda, como em prisão, sob uma chave.

Ah! Mortais! Se isso não vos faz abrasar em amor para com vosso Deus Sacramentado, asseguro-vos de que tendes entranhas de pederneira e corações de bronze. O Deus de Majestade é vosso prisioneiro, uma chave O guarda no Sacrário. Que maravilhas tão novas são estas que veem nossos olhos? No presépio o amor se faz homem, sendo Deus. No Altar O aprisiona, sendo Monarca. Ó, amor tirano, amor cruel! Exclama aqui Santo Agostinho, por que abates a Majestade? Por que condenas a Inocência?

Assim é, Almas Católicas, o amor condenou Jesus Sacramentado à prisão perpétua. Vede-O aí como preso debaixo dos acidentes de um pouco de pão, dentro de um pobre Sacrário, e entregue a uma vil criatura que, a seu arbítrio e vontade, já o abre, já o cerra. Aqui seguro O mantemos, e dentro daquela custódia nos está sempre dizendo aquelas doces palavras: Ecce vobiscum sum usque ad consummationem sæculi. “Aqui estou convosco até o fim do mundo”. É verdade que vivo e reino no céu, onde tenho Meu trono sobre as asas dos mais altos Serafins. Mas Eu sou realmente o mesmo Que aqui tendes na terra, porque embora deveras tenha-Me ausentado, nunca pude separar-Me de vós, e me entreguei em vossas mãos, oculto neste Sacramento. Já não ouvirão aqui as Almas que Me buscarem o que disseram os Anjos àquela amante, quando ansiosa me buscava no Sepulcro: Non est hic. Já Se foi teu Amado, porque os que guardavam Seu Corpo não souberam velar. Mas como nestes altares está sempre de sentinela Meu amor, não posso nem quero, não tenho coração para ausentar-Me.

Essa é, sem dúvida, a causa por que a Seráfica Virgem, Santa Teresa, se maravilhava quando ouvia dizer: Ó ditoso de mim se me achasse naqueles tempos em que Jesus conversava e vivia no mundo! Essa é uma necedade, dizia minha grande Madre, pois neste Sacramento, cifra do Divino amor, temos o mesmo Jesus, Que como Criança derramava tenras lágrimas num presépio; o mesmo Que quando homem suava, e pregava pelas praças, e caminhava a pé enxuto pelos mares; o mesmo Que, derramando sangue, pendia duma Cruz no Calvário; e, finalmente, o mesmo Que ressuscitou glorioso de um Sepulcro. Para que, pois, suspirar ou desejar outros tempos para ver e gozar da presença de Jesus?

Antes são agora mais felizes nossos tempos, porque então bem podíamos ver e ouvir em carne mortal o Redentor, mas não metê-l'O em nossos corações e em nossas entranhas. Então a uma só Madalena, que ardia em amor por Ele, consentiu que Lhe lavasse os pés com suas lágrimas, beijasse-os e enxugasse com seus cabelos, e dali a pouco tempo lhe ordenou não O tocasse. Então a um só Discípulo, e esse o mais valido, permitiu reclinar-se sobre Seu peito. Mas, neste amoroso Sacramento, não só consente que Lhe beijemos os pés, mas também a boca. Não só permite que folguemos sobre Seu peito, mas oferece a todos que descansemos dentro do mesmo peito, ou que Ele descanse dentro do peito de todos; porque como diz discretamente São Jerônimo, neste dulcíssimo Sacramento, nós comemos a Jesus, e Jesus nos come a nós: Jesus entra em nossos corações, e nós entramos no coração de Jesus.

Vede, pois, se tendes alguma razão de desejar aqueles tempos em que Este Verbo humanado vivia e conversava no mundo. Não me digais que sobre aqueles Altares não vedes outra coisa que uns poucos acidentes de pão, e que se esconde à vossa vista a formosura de Jesus. Porque eu vos peço e suplico que aviveis aquela Fé que recebestes nos peitos da Igreja Católica vossa Madre, que com o primeiro leite de seus infalíveis documentos vos instilou, que neste admirável Sacramento está o Corpo e Alma de Jesus com todas Suas perfeições e excelências.

Levantai, pois, com a consideração o sutilíssimo véu daqueles acidentes que cobrem o Corpo de Jesus, e vereis aquele mesmo rosto que na Glória desejam ver os Serafins. Vereis aqueles mesmos olhos, dos quais uma só vista bastava para serenar os mais afligidos corações. Vereis aquela mesma boca, que tem palavras de vida eterna e é a Fonte de todas as delícias do Paraíso. Ali estão aquelas mesmas mãos, artífices de tantas maravilhas, e aqueles mesmos pés, que na terra deram tantos passos por vosso amor. Finalmente, neste adorável Sacramento está todo o Divino Verbo humanado, Que saiu do delicioso peito de Seu Eterno Pai para redimir e glorificar todos os mortais.

Não julgueis que as partes do belíssimo Corpo de Jesus estão confusas e sem proporção no breve círculo d'Aquela Hóstia, porque, vos asseguro, acham-se ali todas com a mais admirável simetria que soube inventar Seu amor. Nem a cabeça está no lugar dos pés, nem esses no lugar das mãos, senão disposto tudo de tal maneira que estão submersos à sua vista os Serafins, num pélago de maravilhas. Ali pôs sua infinita sabedoria por um modo indivisível. Ali, retendo em ordem a Si mesmo toda a própria extensão, sem dependência de lugares, está todo em toda a Hóstia, e todo em qualquer parte d'Ela, e se acha Seu Sacratíssimo Corpo inteiro e admiravelmente quantitativo. Tanto pode com Ele Seu amor, que deste incompreensível e maravilhoso modo se deixou no Sacramento, antes que Se ausentasse para o Céu.

* Mais alto dos ceus, lugar da presença física de Deus, e onde residem os anjos e santos acolhidos no Paraíso. (N. do T.) .

(Finezas de Jesus Sacramentado para con los hombres, e ingratitudes de los hombres para con Jesus Sacramentado. Escrito en Toscano, y Portugués por el P. F. Juan Joseph de S. Teresa Carmelita Descalzo. y traducido en castellano por D. Iñigo Rosende presbitero. Con licencia. Barcelona: En la Imprenta de los Herederos de Maria Angela Marti, Plaza de S. Jayme, año 1775.)

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Jesus é preso, ligado e conduzido a Jerusalém


Omprehenderunt Iesum et ligaverunt eum – “Eles prenderam a Jesus e o ligaram” (Jo 18, 12)

Sumário. Imaginemos ver a Jesus, que, abandonado de seus discípulos, é preso, ligado e levado a desoras e com grande tumulto pelas ruas de Jerusalém. Ao verem-No assim, todos que O veneraram, já O odeiam e se envergonham de O terem tido pelo Messias. Se nós, à vista de um Deus tão humilhado por nosso amor e para nosso ensino, ainda amarmos os bens fugazes da terra, ambicionarmos as honras e preeminências, não somos dignos do nome de cristãos.

I. O Redentor, sabendo que Judas se aproximava, acompanhado dos Judeus e dos soldados, levanta-se, banhado ainda no suor da agonia mortal. Com o rosto pálido, mas com o coração todo abrasado em amor, vai-lhes ao encontro para se lhes entregar nas mãos, e vendo-os chegados perto, diz: Quem quaeritis? — “A quem buscais?” — Afigura-te, minha alma, que neste momento Jesus te pergunta também: Dize-me, a quem buscas? Ah, meu Senhor, a quem poderei buscar senão a Vós, que descestes do céu à terra para me buscar e não me ver perdido?

Comprehenderunt Iesum, et ligaverunt eum — “Eles prenderam a Jesus e o ligaram”. Ó céus, um Deus ligado! Que diríamos, se víssemos um rei preso e ligado pelos seus servos? E que dizemos agora vendo um Deus entregue às mãos da gentalha? Ó cordas bem-aventuradas! Vós que ligastes o meu Redentor, ah! Liga-me a Ele, mas liga-me de tal modo que nunca mais me possa separar de seu amor. — Considera, minha alma, como um lhe liga as mãos, outro o injuria, mais outro o empurra, e o Cordeiro inocente se deixa ligar e empurrar quanto quiserem. Não procura fugir das mãos deles, não chama por auxílio, não se queixa de tantas injúrias, nem mesmo pergunta por que é tratado assim. Eis, pois, realizada a profecia de Isaías: Oblatus est quia ipse voluit, et non aperuit os suum; sicut ovis ad occisionem ducetur (2) — “Foi oferecido, porque ele mesmo quis, e não abriu a sua boca; ele será levado como uma ovelha ao matadouro”.

Mas onde é que se acham os seus discípulos? Que fazem? Já não podendo livrá-Lo das mãos de seus inimigos, ao menos que o tivessem acompanhado para defenderem a inocência de Jesus perante os juízes, ou sequer para o consolarem com a sua presença! Mas não; o Evangelho diz: Tunc discipuli eius, relinquentes eum, omnes fugerunt (3) — “Então os seus discípulos desamparando-O, fugiram todos”. Qual não devia ser a tristeza de Jesus, vendo que até os seus discípulos queridos fugiam e O desamparavam? Mas, ó céus, então o Senhor viu ao mesmo tempo todas aquelas almas que, sendo por Ele mais favorecidas, haviam de abandoná-Lo depois e de Lhe virar as costas.

II. Ligado como um malfeitor, o nosso Salvador entra em Jerusalém, onde poucos dias antes fora aclamado com tantas honras e louvores. Passa a desoras pelas ruas, entre lanternas e tochas, e tão grande é o alarido e tumulto, que todos deviam pensar que se levava qualquer grande criminoso. A gente chega à janela e pergunta: quem é que foi preso? e respondem-lhe: Jesus, o Nazareno, que foi desmascarado como sendo um sedutor, um impostor, um falso profeta e réu de morte. — Quais não deviam ser então em todo o povo os sofrimentos de desprezo e indignação, quando viram Jesus Cristo, acolhido primeiro como o Messias, preso por ordem dos juízes, como impostor!

Ah! Como se trocou então a veneração em ódio, como se arrependeu cada um de O ter honrado, envergonhando-se de ter honrado um malfeitor, como se fosse o Messias! — Eis, pois, a que estado se reduziu o Filho de Deus para nos mostrar o nada das honras e dos aplausos do mundo! E como é que eu, apesar de ver um Deus tão humilhado e injuriado por meu amor, como é que eu hei de viver tão amante dos bens fugazes da terra, ambicionar as honras, as dignidades, as preeminências, e não saber sofrer o mínimo desprezo? Ai de mim, pecador e soberbo!

Donde, ó meu Senhor, me pode vir tamanho orgulho, depois que mereci tantas vezes o inferno? Meu Jesus, suplico-Vos pelos merecimentos dos desprezos que sofrestes, dai-me a graça de Vos imitar. Proponho com o vosso auxílio reprimir de hoje em diante todo o ressentimento e receber com paciência, alegria e contentamento todas as humilhações, todas as injúrias e todas as afrontas que me possam ser feitas. Proponho, além disso, para Vos agradar, fazer todo bem possível a quem me despreza; ao menos falarei sempre bem dele e rogarei por ele. Vós, ó meu Senhor, pelas dores de Maria Santíssima, fortalecei estes meus propósitos e dai-me a graça de Vos ser fiel.

Referências:

(1) Is 53, 7
(2) Mc 14, 50


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 385-387)

quarta-feira, 1 de abril de 2020

MÊS DE ABRIL DEDICADO À SANTÍSSIMA EUCARISTIA

Jan van Kessel the Elder (1626-1679) ~ The Eucharist

Paz e bem! Amigos do Céu e reparadores dos Sacrários abandonados, prezados leitores, hoje se inicia um mês abençoado: O Mês de abril, que é dedicado a Santa Eucaristia. Muitos não sabem  mas a Igreja sempre dedicou a cada mês alguma devoção da Fé Católica. A dedicação de cada mês é baseada em eventos históricos ou num aspecto particular do calendário litúrgico, ou ainda uma combinação de ambos. Essas devoções Católicas mensais não se alinham exatamente com o período do calendário litúrgico, já que eles são feitas mais pelos meses do calendário padrão em vez das estações da Igreja. Alguns países e lugares tem devoções mais específicas de sua área, mas as que se seguem são comuns entre todos, devoções católicas universais para cada mês do ano.

Por quê o  mês de ABRIL é dedicado a Eucaristia? Porque normalmente o Domingo da Páscoa cai em Abril; e, mesmo quando essa data se dá em Março, o período pascal de 40 dias continua em abril. A Eucaristia é o centro da vida da Igreja. Ela é o Sacrifício de Cristo que se atualiza (torna-se presente) no altar, no Santo Sacrifício da Missa. É o Alimento espiritual. É a maior prova de amor de Jesus para conosco. Além da Missa, Ele permanece em estado de vítima oferecida permanentemente ao Pai em nossos Sacrários, para nos socorrer em todas as necessidades e estar sempre conosco: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). 

Então, temos muito o que agradecer ao bom Deus, não? Pois tudo o que Ele faz é bom e santo. Por isso, convido a todos os leitores desse blog, os amigos reparadores dos sacrários abandonados e devotos de São Manuel González (reparador dos sacrários abandonados) a se unirem nessa obra santa: buscar mais a Jesus na comunhão espiritual não podendo receber sacramentalmente nesse dia, ou durante esse mês. Façamos sempre a comunhão espiritual com com um verdadeiro espírito de adoração, um desejo ardente de receber a Nosso Senhor na Eucaristia e se santificar; vamos assim nos unir mais a Jesus que está nos sacrários das nossas cidades abandonado, de dia e de noite, sem que ninguém o visite.  Muitos santos quando faziam a comunhão espiritual se ajoelhavam voltando-se na direção de alguma Igreja que tivesse por perto; podemos também começar esse hábito piedoso e lembrar muitas vezes de Jesus que está sozinho naquela Igreja. Vamos a Jesus! Vamos a Jesus que anseia que O busquemos mais e mais com verdadeiro amor e desejo ardente de está com Ele, mesmo nas ocupações diárias.

Façamos durante esse dia/mês muitos atos de adoração. Recomendo também a leitura às almas devotas da Santíssima Eucaristia† CENTELHAS EUCARÍSTICAS †


Doce Jesus Eucarístico, sede para sempre nosso Amor! 

Jesus eu Vos amo em todos os Sacrários da terra, vinde ao meu coração, vinde vivei em mim e transformai-me!